O belo sublime e a morte da estética
O objetivo principal dessa pesquisa consiste em ganhar clareza a respeito da concepção schopenhaueriana do sublime, exposta no terceiro livro de sua obra “O mundo como vontade e representação” (1819). A hipótese fundamental, a ser verificada ao longo do trabalho, que servirá de base para a investigação é a de que essa categoria estética ganha aqui uma formulação singular no debate moderno, como uma espécie particular de belo, dele constitutivamente indistinta. Nesse sentido, tal concepção representaria uma ruptura radical no que diz respeito à tradição representada, por exemplo, pela obra de Edmund Burke, “A Philosophical Enquiry into the Origin of Our Ideas of the Sublime and Beautiful” (1756), onde belo e sublime são fenômenos mutuamente exclusivos. O estudo tenciona verificar ainda se é possível caracterizar consistentemente a doutrina de Schopenhauer a partir de seu posicionamento crítico em relação ao debate moderno, e isso de dois modos. Em primeiro lugar, a exemplo de outros autores do período, o filósofo propõe uma abordagem para os objetos dessa disciplina filosófica que não é rigorosamente independente dos domínios do verdadeiro e do bom, pois a experiência subjetiva frente a tais objetos permite uma forma de conhecimento privilegiada e reclama uma postura ética específica em relação à vida. Em segundo lugar, a elisão da separação entre belo e sublime põe em xeque, como indicado, um aspecto tão fundamental dessa tradição que talvez seja possível afirmar que se trata de uma primeira tentativa filosófica de superar a ?estética?, compreendida em sentido pregnante.