A recepção da obra de arte. Uma investigação a partir de Kant, Benjamin e Gadamer
Este projeto visa abordar obras filosóficas que enfatizaram a experiência da obra de arte pelo viés da atividade da sua recepção, ou seja, que enfatizam a construção da arte em seu processo de julgamento, de crítica ou de interpretação. Os autores escolhidos são Kant, Benjamin e Gadamer, os quais, de modos diversos, enfatizaram processos de recepção como constituidores disto que denominamos obra de arte, seja através do julgamento de gosto, que marca um modo de relação com um objeto que recusa a leitura finalista, ou através da explicitação da criticabilidade/intepretabilidade da obra. Assim, Walter Benjamin postulou a criticabilidade como conceito-chave do problema filosófico da arte, retomando o tema dos primeiros românticos alemães, F. Schlegel e Novalis, estes, por sua vez, fortemente determinados pela leitura da terceira crítica kantiana. Já Gadamer retoma em parte o pensamento romântico, através da análise dos elementos constituintes do processo de interpretação, realizando também, uma importante releitura da terceira crítica kantiana. Os dois autores do séc. XX são, neste projeto, abordados como desdobramentos da perspectiva aberta pela Crítica da faculdade do juízo, de Kant, que, em sua primeira parte, aborda uma forma paradigmática da capacidade de julgar reflexiva, o juízo de gosto puro, que tem, para a estética, o resultado de deslocar o eixo do problema da beleza, natural ou artística, das qualidades do objeto para a modalidade do juízo a seu respeito, ou seja, para a recepção, entendida aqui em sentido lato de produtividade iniciada após o contato intuitivo com o objeto, porém, fundado em princípios a priori da própria faculdade de julgar reflexiva. O pensamento romântico, em sua apropriação benjaminiana e gadameriana, será o ponto de articulação histórica entre Kant e os autores contemporâneos escolhidos.