Ascese e Mística nos inícios do monasticismo cristão
Ocorre no século IV d.c. e inícios do V d.c. a consolidação de um movimento singular e radical para a história do cristianismo: o surgimento do monasticismo. Com ele, a enigmática figura do monge asceta desponta como uma nova identidade cristã, com suas regras de conduta e valores, centradas nas práticas ascéticas. A partir desta nova identidade, são também criadas novas identidades sociais e eclesiásticas, gerando uma força político-social que terá profundas influências em nossa história. Suas práticas ascéticas teriam como objetivo produzir a salvação através da pureza de coração, sendo esta a expressão da proximidade de Deus nas vidas destes monges. Neste sentido, é inegável que o ascetismo monástico está estreitamente vinculado à mística cristã, entendendo esta última como a experiência da presença da divindade nas vidas dos crentes. A mística passa, então, a ter forte influencia do movimento monástico em toda a história do cristianismo, mesmo que ela possa ser identificada em diversos outros estratos da vida cristã. Com isso, é praticamente impossível desassociar ascese e mística no monasticismo, gerando um objetivo duplo nesta pesquisa, isto é a ascese e a mística em suas relações e diferenças, centradas nas práticas ascéticas dos monges nos séculos IV d.c. a V d.c.