Os limites da inovação semântica: um estudo sobre as teorias contemporâneas da metáfora
O objetivo lato da pesquisa proposta é conferir visibilidade acadêmica ao tema da metáfora. O objetivo stricto é determinar o estatuto semântico-cognitivo de um determinado tipo de metáfora muito recorrente em obras teóricas. Assume-se que certos problemas de grande envergadura e interesse filosófico podem receber uma abordagem inteiramente nova se se atenta às conquistas que vêm fazendo os teóricos contemporâneos da metáfora. Alguns desses temas são o modo de operar das faculdades da mente (como a razão, a atenção e a memória), a distinção entre corpo e mente, as mudanças de estados anímicos, a composição de um método filosófico, a relação entre linguagem e mundo, a relação entre regra e ação, dentre outros, em que podemos notar a recorrência desse recurso intrigante de nossa linguagem: o uso de expressões com um significado que, em uma medida, aparece-nos como inovação semântica e, em outra medida, desafia a rotulação de mero ornamento. Visando esclarecimentos sobre a natureza semântico-cognitiva desse tipo de metáfora, marcada pelo uso incontornável e por sua não sujeição ao rótulo tradicional de “comparação implícita” ou “símile abreviado”, submeteremos a exame algumas teorias – produzidas tanto por autores anglófonos quanto por autores do continente europeu. Após um momento de introdução ao tema, no qual trabalharemos textos seminais como a Poética e a Retórica de Aristóteles e os artigos “Metaphor”, de Black, e “What Metaphors Mean”, de Davidson, procuraremos nos focar em teorias promissoras para esse fim, como a de Lakoff e Johnson – a qual defende que certas metáforas são usos literais da linguagem e ocorrem como conceitos sistemáticos e internamente coerentes – e a de Paul Ricoeur – a qual defende que certas metáforas podem ser tomadas como erros categoriais calculados, atuando no resgate de um modo pré-objetivo de pensamento.