Schiller, o sublime e a tragédia
O objetivo principal dessa pesquisa consiste em ganhar clareza a respeito da concepção de Schiller a respeito da tragédia na primera fase de sua produção teórica, a saber, nos artigos publicados na Neue Thalia. A hipótese fundamental, a ser verificada ao longo do trabalho, é a de que esse tema não recebe um tratamento uniforme ao longo do breve período de existência do periódico, observando-se, na verdade, notáveis discrepâncias no modo como ele é abordado entre os anos de 1792 e 1793. Os primeiros esforços do dramaturgo para pensar os fundamentos de sua atividade profissional responderiam, nesse sentido, mais à tradição de recepção da Poética aristotélica que remonta ao classicismo francês da segunda metade do século XVII do que às discussões modernas desse problema que resultarão, em última análise, no desenvolvimento de uma filosofia do trágico no século XIX. O estudo tenciona verificar ainda em que medida a doutrina exposta na Crítica da faculdade de julgar contribuiu para a configuração propriamente moderna do pensamento schilleriano que se verifica posteriormente. Especialmente relevante para esse propósito é considerar o modo como o autor se apropria da doutrina kantiana do sublime para refletir acerca dos fundamentos da tragédia. Esse movimento pode ser observado no tratamento de diversas questões pertinentes a esse âmbito de investigação ? o papel da comoção, a distância afetiva que o espectador deve preservar em relação ao objeto ? que ganham, nos artigos publicados em 1793, uma formulação diferente daquela que encontramos nos escritos do ano anterior